O botão Mágico

Publicada por Filipe Ferreira à(s) 03:08

sexta-feira, 5 de dezembro de 2008


Todos os dias de aulas sou confrontado com exactamente o mesmo caminho para a faculdade, caminho este que faço frequentemente e ao qual já estou habituado. A paisagem é como sempre aborrecida, como se não mudasse com o tempo.
Os carros que não param na passadeira, o São Bernardo da vizinha, os semáforos, o estacionamento de economia e por fim a minha faculdade cinzenta e imponente como sempre. Este é o meu caminho, sempre igual e banal, caminho que podia ser feito de olhos fechados e mesmo assim saberia onde está cada coisa, cada percalço e onde virar e onde parar.

Certo dia ao sair de casa senti uma necessidade extrema, como se sentisse falta de algo imprescindível para esta aventura, algo que pudesse tornar esta viagem mais bela e risonha.

Coloquei os head phones e carreguei no Play.

Como por magia tudo começou a mudar à minha volta como se tivesse mudado de realidade. Tudo parece mudar, o sol parece que brilha mais alto, o vento parece mais morno e meigo fazendo pequenas carícias no meu cabelo. Tudo mudou, tudo estava mais brilhante, tudo estava melhor.

Neste dia nem me custou ficar a espera na passadeira que os carros parassem, o cão da vizinha até parecia simpático, deixei de olhar para o parque de economia como um mero amontoado de carros e reparei nas árvores que sendo Outono se vestem de um uma cor avermelhada, quase como se tivessem coradas por vergonha. E por fim a minha faculdade parecia maior e com mais cor, visto que o sol ao reflectir no granito fazia com que os pequenos cristais brilhassem como pequenas estrelas.

Reparei ainda em mil novos pormenores e novas cores que pensava antes não existirem. Era um novo mundo, um caminho novo. Era como uma praia que nunca antes tinha sido pisada. Tive a sensação que esta nova descoberta era só minha, como um egocêntrico tudo parecia girar a minha volta, tudo era propositado e tinha sido ali colocado por minha causa.
Senti-me leve, um caminho normalmente triste tornara-se pela primeira vez percorrido com um sorriso nos lábios, uma felicidade quase duradoura que queria sair de um período demasiado pequeno e tornar-se eterna.

Mas infelizmente tudo tem um fim, carrego no Stop e retiro os auscultadores, tudo volta ao normal. É dia de aulas numa faculdade cinzenta, demasiado grande para uma pessoa demasiado pequena.